Pedindo desculpas, mas não me despedindo
"Querido caderno amigo, semana
passada eu inaugurei um blog, aquilo que chamam de "uma página na
internet", onde você pode escrever o que quiser, em fim, acho que aqui não
lhe darei uma boa definição do que é essa coisa inanimada que chamam de
"blog". Sei bem que você potencialmente ficará triste com essa
notícia, mas não a interprete como uma traição ou como uma despedida; sei que também
sou meio vadio, que às vezes te abandono em qualquer canto da minha casa e que
só faço uso de tuas folhas quando me é conveniente, quando estou com a mente
confusa, ou quando tenho confissões, questões sobre amor, filosofia, ou
qualquer coisa banal. Pois bem querido amigo caderno, dou-te-lhe toda razão, e
essa minha ação não é somente contigo meu caro: tal como Durkheim, vejo os
fatos como coisas, faço uso autoritário. Agora, seguindo uma ordem prescrita
moralmente, sinto-me na condição de culpado e tenho de pedir desculpas (pelo o
que, não sei bem). Peço desculpas por isso e admito que você sempre foi minha
mulher preferida, sempre foi o meu "guru", meu eterno professor.
Quero que saibas que o "blog" é apenas uma amante, e como você está cansado
(a) de saber, eu sempre vivo entre a corda bamba, sempre no limbo e também
sabes que essa "situação social" é fundamental para o meu desenvolvimento.
Contarei contigo sempre, pois antes de inventarem o caderno online, desde os tempos dos
rascunhos da bíblia existe o papel e algum derivado "mais ou menos
evoluído" do lápis. Sei que você é a minha forma mais intima de guardar
qualquer segredo, você caderno, nunca mentiu para mim (pelo menos até onde eu
sei...), nunca me traiu, nunca se mostro para outros e sempre será fiel ao
silencio, não vai caderno... não vai...?”.
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